terça-feira, 11 de novembro de 2008

Oferenda: Padê para Exú


Ingredientes:

01 pacote de farinha de milho amarela

1 vidro de azeite de dendê

1 cebola grande

1 bife

3 charutos

1 caixa de fósforo

1 garrafa de aguardente

7 pimentas vermelhas

Modo de preparo:

Em um alguidar coloque a farinha de milho e um pouco de dendê, com as mãos faça uma farofa bem fofa sempre mentalizando seu pedido. Corte a cebola em rodelas e refogue ligeiramente no dendê, faça o mesmo com o bife. Cubra o padê com as rodelas de cebola e no centro coloque o bife, enfeite com as sete pimentas. Ofereça a Exú o padê não esquecendo dos charutos e da aguardente.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008


Ogún


Filho de Yemanjá ou Oduá com Oxalá.

Está ligado ao mistério das árvores, consequentemente à Oxalá. Seu "assento" está ao pé de um Igí-uyeuè (cajazeira) no Brasil, onde um adàn, akòko ou Àràbà na Nigéria e no Daomé, e rodeado por uma cerca de peregun. Podendo também ficar ao pé do Igí-òpé cujo tronco simboliza a matéria individualizada dos funfun (orixás do branco, particularmente Oxalá), que as folhas brotadas sobre os ramos ou troncos, simbolizam descendentes e que o màrìwò é a representação mais simbólica de Ogún.
Akóro Ko l'axo - Akóro não tem roupas
Màrìwò l'axo Ogún o! - Màrìwò veste Ogún
Màrìwò - Màrìwò

Ogún data de tempos proto-históricos, é pré-histórico, violento e pioneiro; suas armas são primeiro de pedra, depois o ferro. Sua primogenitora converte-o em quase irmão gêmeo de Exú.

Deus da guerra, imagem arquetípica do soldado, Ogún é também o deus do ferro, da metalurgia. Do ferreiro ao cirurgião, todos os que utilizam instrumentos de ferro (e o aço por consequencia) em seu trabalho: agricultores, caçadores, açougueiro, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores e outros que juntaram-se ao grupo desde o início do século, mecânicos e motoristas; rendem homenagem à Ogún. Nesse sentido ele é o arquétipo da conquista da civilização humana, consolidada na idade do ferro. Orixá de personalidade violenta, obstinada, constante, viril, disciplinada, quando não rígida.

Na sua estreita relação, com a natureza humana, na qual é o regente dos "caminhos" no seu sentido de trabalho, oportunidades profissionais, e ao mesmo tempo "guardião" da casa, é expressa em sua cantiga:

Ogún á jó (Ogún dançará) e màrìwò (fronde da palmeira, usada como sua roupa) Ogún Akòró e màrìwò
Iwó a gba 'lé bg'ònà (ele ocupará a casa e o caminho)
Ogun á jó e màrìwò màá tú yeye (fronde da palmeira cresça)

Akóro pa lónìí ó
Pa o jàre pa léle pa
Ogún pa o jàre
Akóro - uma qualidade de Ogún
Nesta cantiga se faz referência à pa lónìí - corta hoje
Pa o jàre - corte-o, por favor
Léle - completamente

Nesta toada está se pedindo para Ogun abrir os caminhos. Vai cortando, desembaraçando o caminho. Uma outra tradução, fala em matar, de quando os orixás vinham a cavalo, na guerra, e que eles brigavam.

Historicamente, teria sido o filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé, usando o título de Oniré (Rei de Irê), por se apossar da cidade de Irê, matando seu rei; usava uma diadema, chamada àkòró , e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nomes de Ogún Oniré e Ogún Aláàkòró, inclusive no Brasil, trazidos pelos descendentes dos yorubás.

Ogún é único, mas, em Irê, diz-se que ele é composto de sete partes. Ogún méjeje lóòde Iré, frase que faz alusão às sete aldeias , hoje desaparecidas, que existiriam em volta de Irê. O número sete é associado à Ogún e ele ;e representado nos lugares que lhe são consagrados, por instrumentos de ferro, em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste horizontal, também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha e enxó, símbolos de suas atividades.

Uma história de Ifá, explica como o número 7 foi relacionado a Ogún e o número 9 a Oyá.

"Oyá era a companheira de Ogún antes de se tornar a mulher de Xangô. Ela ajudava o deus dos ferreiros no seu trabalho; carregava docilmente seus instrumentos, da casa à oficina, e aí ela manejava o fole para ativar o fogo da forja. Um dia, Ogún ofereceu à Oyá uma vara de ferro, semelhante a uma de sua propriedade, e que tinha o dom de dividir em sete partes os homens e em nove as mulheres que por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.

Xangô gostava de vir sentar-se à forja a fim de apreciar Ogún bater o ferro e, frequentemente, lançava olhares a Oyá; esta, por seu lado, também o olhava furtivamente. Xangô era muito elegante, seus cabelos eram trançados e usava brincos, colares e pulseiras. Sua imponência e seu poder impressionaram Oyá. Aconteceu, então, o que era de esperar: um belo dia, ela fugiu com ele. Ogún lançou-se à sua perseguição, encontrou os fugitivos e brandiu sua vara mágica. Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. E, assim, Ogún foi dividido em sete partes e Oyá, em nove, recebendo ele o nome de Ogún Mejé e ela o de Yansã, cuja origem vem de Iyámésan - 'a mãe (transformada em) nove'."

Sua cor é o azul escuro, é o primeiro a ser saudado depois que exu é "despachado" (ritual que antecede os Xirés - ocasião festiva, que as casas de candomblé, cantam para todos os orixás - que este tipo de exú, na sua forma negativa de maldoso, funcionando também como uma espécie de guardião do ritual, contra outros tipos de espíritos "não iluminados", não perturbe e não deixe, perturbarem o culto). É sempre Ogún que desfila na frente, "abrindo caminho" para os outros orixás (mais uma vez, a indicação da sua função de abrir caminhos), quando eles entram no Ilê nos dias de festa, manifestados e vestidos com suas roupas simbólicas.


Qualidades:

1) Onire
2) Alagbede
3) Já
4) Omini
5) Wari
6) Eroto ndo
7) Akoro Onigbe

Mavambo (Exú)


Mavambo (Exú)


Filiação: Lembarenganga e Kayaia (Oxalá Velho e Yemanjá)
Elemento principal: Fogo
Domínio: Encruzilhadas e porteiras
Cores: Preto e vermelho
Saudação: Larôie! (Salve)
Dia da Semana: Segunda-feira
Número: 1
Comida: Farofa de dendê, farofa de cachaça, farofa de mel, bifes mal passados, galo preto, frango, bode entre outros.
Vela: Vermelha e preta (Bicolor)

Sem dúvida o N’kisi (Orixá) mais comentado e tido como o mais controvertido dos cultos afro-brasileiros.

É chamado de mensageiro entre o astral e a terra, ele traduz para a linguagem dos homens a linguagem dos Mikisi (Orixás), os quais não existe contato direto, é o guardião entre o plano material e espiritual, diga-se de passagem é o único que tem carta-branca para transitar em todos os planos que existe nos mundos visíveis e invisíveis.

Mavambo (Exú) está presente em todos os elementos da natureza: terra, água, fogo e ar e em suas combinações.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Quem são os Orixás?

Orixás são elementos da natureza, cada orixá representa uma força da natureza.

Quando cultuamos nossos orixás, cultuamos também as forças elementares oriundas da água, da terra, do ar, do fogo, etc.
Essa forças em equilíbrio produzem uma enorme energia (axé), que nos auxilia em nosso dia a dia, ajudando para que nosso destino se torne cada vez mais favorável.

Sendo assim, quando dizemos que adoramos deuses, nós nos referimos a estarmos adorando as forças da natureza, forças essas pertencentes a criação do grande pai. Pai esse conhecido por nós como "ólorum" (deus supremo).

No brasil, erroneamente diz-se que oxalá é o pai maior. Na verdade oxalá é o mais velho* e respeitado entre os orixás.

A grande maioria das nações africanas anterior a era cristã, conheciam a existência de ólorum como grande criador, ser fundamental.

Nota: olorum está acima da vaidade pessoal e de religiões que buscam sempre monopolizar o seu poder.

Nosso deus jamais pune seus filhos tão pouco condena-os a fogueira eterna, também nunca os entregou ao seu maior inimigo (satanás) após cometer erros divinos chamado de pecados eternos, nosso deus não destrói países e não aniquila civilizações de filhos amados por ciúmes quando não adorado, amado ou seguido...
Como pai, jamais deixaria de perdoar meus filhos, tão pouco condenaria-os ao extermínio por erros que cometem ou possam cometer.

O verdadeiro pai perdoa, ensina, ama e protege seus filhos.
Portanto nosso deus é um pai mais perfeito que qualquer outro pai...

Como já havíamos comentado, nosso panteão nada mais é que a junção das energias de todo os elementos da natureza, cada elemento da natureza é por nós representado por um orixá...

Aprendemos a sentir e manipular essas energias individualmente através de cada orixá, os filhos (iawos) nascidos sobre a influência do orixá detém mais energia do seu influente que os filhos de outros orixás.

Exemplo: os filhos de ossain possuem mais energia voltada para as curas e plantas do que os filhos de oxum que possuem por sua vez mais energia voltada a sentimentos, a magia etc.

Em resumo, quase todos os orixás tiveram uma curta passagem pelo nosso mundo, após fatos heróicos ou divinos, encantaram-se e retornaram ao orum (céu), deixando para nós, segredos e ensinamentos, encurtando a ligação do material ao espiritual. Ligação essa, que nós preservamos e usamos não só para nós, mas também para as pessoas que nos procuram, mesmo sem ter ligações diretas com a religião.

Em nossa religião, é fundamental a integração com a natureza, pois quanto maior o contato com a natureza, maior será seu desenvolvimento, sua energia, seu axé e, portanto, maior será o cordão (elo) de ligação com seu orixá aproximando mais de olorum(deus criador/construtor de todo o universo.